A família Anacardiaceae agrupa diversas espécies frutíferas como as Spondias (cajá, umbu, serigüela, cajarana, umbu-cajá), o cajueiro (Anacardium occidentale L.), a mangueira (Mangifera indica L.) e o pistache (Pistacia vera L.), que são exploradas economicamente em várias áreas tropicais e subtropicais do mundo.
A cajazeira (Spondias mombin L.) é nativa das terras baixas do México e das Américas Central e do Sul (CROAT, 1974), comum nas florestas úmidas do Sul do México até o Peru, e estendendo-se até o Brasil, e no Oeste da Índia (MORTON, 1987), ou seja, é nativa da América Tropical (AIRY SHAW; FORMAN, 1967; LÉON, 1987; PURSEGLOVE, 1984).
No Brasil, as cajazeiras são encontradas isoladas ou agrupadas, notadamente na Amazônia e na Mata Atlântica, prováveis zonas de dispersão da espécie, e nas zonas mais úmidas dos estados do Nordeste. O cajá é o fruto da cajazeira (Spondias mombin L.), árvore da família das Anacardiáceas que está presente em vários estados brasileiros especialmente nas regiões Norte e Nordeste, como nos estados de Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O fruto da cajazeira é conhecido por vários nomes cajá-manga, cajá-mirim, cajá-redondo, cajazinha, cajá e taperebá. Se adapta bem aos climas úmido, sub-úmido e quente. Populações extrativistas da região retiram parte de sua renda, na época da safra, da coleta dos frutos.
Nas áreas de ocorrência espontânea pode atingir até 30 m de altura e a copa mais de 20 m de diâmetro. O tronco é ereto com aproximadamente 2 m de circunferência, casca de coloração acinzentada, rugosa e fendilhada. As flores são dispostas em cachos (panículas) com cerca de 2.000 flores por cacho. Contudo, somente de 10 a 12 frutos atingem a maturação por cada cacho. O fruto apresenta forma ovoide, casca fina e lisa de coloração amarelo-alaranjada. O caroço é volumoso, branco e enrugado, dentro do qual pode se encontrar até cinco sementes, no entanto, geralmente ocorre apenas 1 semente. Também há caroços que não contém nenhuma semente. A polpa possui sabor ácido-adocicado e coloração amarelo-alaranjada.
Em áreas na região do sul da Bahia foram coletadas e analisadas amostras de frutos de diversas plantas cajazeiras, verificou-se que o peso dos frutos variou de 9,25g a 40g e o rendimento de polpa de 56,07% a 73,22% (SACRAMENTO et al., 2007).
Desta forma, o fruto da cajazeira é classificado como drupa, com mesocarpo carnoso, amarelo, de sabor agridoce, contendo carotenoides. Com cerca de 6 cm de comprimento, formato ovóide, achatado na base, cor variando do amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa pouco espessa, variando do amarelo ao alaranjado, suculenta e de sabor ácido-adocicado. O endocarpo, caroço, é grande, branco, súbero-lignificado e enrugado contém dois a cinco lóculos e zeros a cinco sementes.
De sabor doce e levemente ácido, o cajá é uma fruta que pode ser consumida de diversas maneiras e suas propriedades riquíssimas para a saúde. Assim, a fruta é uma boa fonte de vitaminas, principalmente a “A” e é rico em fibras, fósforo, ferro e cálcio. A polpa suculenta do cajá é bastante utilizada na produção de geleias, sucos, sorvetes, compotas, licores e sobremesas. O rendimento na produção da polpa pode chegar a 56%.
O Cajá possui diversos benefícios para a saúde como reduzir o risco de doenças crônicas devido à presença de antioxidantes. Como exemplo a Alzheimer e certos tipos de câncer. Além disso, ajuda a fortalecer os ossos, assim devido a abundância de cálcio e outros minerais prevenindo a osteoporose. Assim, o cajá é uma fruta altamente energizante e que ajuda a combater a fadiga (cansaço). Também a fruta é rica em vitamina A, retinol, seu consumo é muito benéfico para a saúde e aparência da pele. Portanto, previne o envelhecimento precoce, garantindo uma pele firme e jovial. Outras vantagens são a proteção contra doenças cardíacas. Prevenindo as doenças cardiovasculares como o AVC, derrame e infarto. E também a Prevenção da anemia, o cajá é rico em ferro.
A cajazeira desenvolve-se bem nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, em clima quente úmido ou subúmido, e resiste a longos períodos de seca. No estado da Paraíba tem grandes concentrações de cajazeiras, e a altitude é de 130 a 618m. A temperatura situa-se entre 23ºC e 24,5ºC e a precipitação média é cerca de 1.400 mm ao ano. Já no estado do Ceará, as cajazeiras ocorrem em regiões com precipitação média anual superior a 1.100 mm. Enquanto que na região sul da Bahia, a maior concentração de cajazeiras ocorre em áreas de solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica em consórcio com cacaueiros ou mesmo em solos de baixa fertilidade. A temperatura média na região situa-se em torno de 24 ºC, a umidade relativa, acima de 80%, e a precipitação, de 1.500 mm a 1.800 mm, bem distribuída.
A cajazeira pode ser propagada tanto pelo método sexual (por sementes) quanto pelo assexual ou vegetativo, principalmente por estaquia de caule ou de raiz, e por enxertia. Recomenda-se o plantio de mudas vigorosas com cerca de 6 a 8 folhas desenvolvidas. As covas adubadas, devem ter dimensão de 40 cm x 40 cm x 40 cm. Considerar o porte da planta adulta sugere-se um espaçamento sistema quadrangular de 10m x 10m ou 9m x 9m conduzidas com poda de formação. Atualmente a cajazeira tem sido usada para sistemas agroflorestais com outras plantas de menor porte que suportam sombreamento como o cacaueiro e o cupuaçuzeiro.
No Estado da Paraíba pesquisas com nutrição mineral em cajazeira demostraram que a planta responde muito bem a adubação fosfática e potássica, obtendo a máxima produção de frutos com as doses 148,06 g e 30 g planta de K2O e P2O5, respectivamente.
As pragas principais da cajazeira são mosca-das-frutas (Anastrepha spp.), saúvas do gênero Atta, mané-magro, bicho-pau (Stiphra robusta Leitão) e pulgão, todas com nível de dano econômico, sendo necessário o uso de controle químico. Em relação às doenças Antracnose (Glomerella cingulata),Verrugose (Sphaceloma spondiadis), Resinose (Botryosphaeria rhodina), eCercosporiose (Mycosphaerella mombin) são as principais da frutífera.
A época de colheita é variável nos diversos estados brasileiros. Na Paraíba, vai de maio a julho, enquanto, no sul da Bahia, ocorre de março a maio. Em Belém, ocorre pequena colheita em maio, e a produção concentra-se no período de agosto a dezembro. A colheita ocorre de dezembro a fevereiro em Manaus e em Rio Branco. No Ceará, a colheita estende-se de janeiro a maio, entretanto, a época de produção nesses locais podem variar de acordo com as alterações pluviométricas.
As árvores das cajazeiras apresentam desuniformidade de maturação dos frutos e altura significativa dificultando a colheita que torna-se manual desse modo, os cajás maduros são colhidos no chão. Ao se desprenderem das plantas, os frutos chocam-se com galhos ou mesmo com o solo e danificam-se.
As dificuldades da colheita dos frutos aliada com as condições de acesso de transporte dos frutos estima-se que menos 30% da produção de cajá seja aproveitada para consumo humano. Na região sul da Bahia, os frutos são colocados em balaios de cipó, caixas e sacos, e depois são transferidos para caixas de plástico, onde são transportados para agroindústrias de polpas, ou são comercializados às margens das rodovias ou em feiras e mercados. Quando o destino é a agroindústria, os frutos são comercializados em caixas de plástico de 20 L. Devido a sua acidez, os frutos da cajazeira não são consumidos ao natural. Quando destinados à industrialização passam por processo de seleção, lavagem, despolpamento, refino, envasamento ou ensacamento, pasteurização e congelamento.
O cajá possui excelentes sabor e aroma, além de rendimento acima de 60% em polpa; por isso, é amplamente utilizado na confecção de suco, néctar, sorvetes, geléias, vinhos e licores. No mercado de polpas e seus derivados, tanto no Nordeste quanto na Zona da Mata de Pernambuco, o cajá apresenta uma das maiores demandas entre as frutas comercializadas nas Ceasas, feiras-livres e supermercados. Apesar de o elevado potencial agroindustrial, a cajazeira ainda é explorada de forma extrativista, em pomares domésticos e/ou em plantios desorganizados, conduzidos com baixo nível tecnológico. Tal extrativismo é responsável pela pouca oferta de frutos, sendo um dos principais problemas para as agroindústrias de polpa por não atender as demandas do mercado consumidor.
De acordo com Pio Corrêa (1926), na medicina popular e na indústria farmacêutica é crescente a utilização da cajazeira. A casca da cajazeira é aromática, adstringente e emética. Trata-se de um remédio nos casos de febres biliosas e palustres e goza da reputação de antidiarréica, antidesintérica, antiblenorrágica e anti-hemorroidária, sendo esta última propriedade também atribuída à raiz da planta. As folhas podem ser utilizadas como alimento do bicho da seda e também são utéis contra febres biliosas, constipações do ventre, dores do estômago, complicações consecutivas aos partos e a certas enfermidades dos olhos e da laringe, posto que, para estas últimas, seja mais recomendável o decocto das flores, que são aromáticas, e cujo macerato, além de refrigerante e estomático (medicamentos que combatem as afecções da boca), é reconhecidamente vantajoso no combate à diarréia da primeira infância. De acordo com Braga (1960), utiliza-se a infusão de casca em gargarejos, e das sementes maceradas nas retenções de urina e de catarros na bexiga.
Nos últimos anos, descobriu-se que o extrato das folhas e dos ramos da cajazeira contém taninos elágicos com propriedades medicinais para o controle de bactérias gram negativas e positivas. Ajao et al. (1984) e Corthout et al. (1991), num programa de seleção de plantas superiores com propriedades antivirais, mostraram que substâncias contidas nas folhas e nos ramos da cajazeira apresentaram pronunciada atividade antiviral contra Coxsackie B2 e o vírus do herpes simples. Recentemente, foi lançado nos Estados Unidos o fitoterápico Herpiz-Km, produzido no Brasil, e composto com o extrato das folhas de cajá.
A cajazeira é utilizada também para a extração de sua madeira, a qual apresenta consistência mole e leve, de baixa qualidade, muito susceptível ao ataque de insetos. A madeira é bastante usada em caixões e, mais raramente, construções internas (HUECK, 1972). Conforme Braga (1960), a madeira dessa espécie apresenta peso específico de cerca de 0,508 e tem pouca aplicação. A casca presta-se à modelagem e à xilogravura e a fonte de substância adstringente. Prance e Silva (1975) relatam que as árvores são utilizadas como cerca viva, árvores de sombra e ornamentais, servindo também para alimentar o gado.
Os frutos da cajazeira são comercializados em feiras livres e beiras de estrada, juntamente com outras frutas regionais. A maior parte da produção, porém, é vendida para as agroindústrias regionais. Feito o processamento, a polpa é comercializada congelada, em embalagens de 0,1 kg a 10 kg ou em tambores de 200 L. As embalagens de 100 g, conhecidas como polpinhas, têm tido excelente aceitação entre os consumidores, principalmente lanchonetes e donas de casa, por facilitarem a preparação de sucos.
A atual produção dos frutos de cajá, considerando a grande demanda, não atende às necessidades do mercado interno, que fica ainda muito restrito às regiões Norte e Nordeste. Existe, portanto, amplos mercados interno e externo a serem explorados.