Obesidade infantil: como cuidar do futuro das crianças e adolescentes que estão acima do peso?

 

 

 
A obesidade é uma doença crônica, ou seja, que ainda não tem cura, mas tem tratamento e controle, assim como a asma ou o diabetes. No Brasil, mais de 100 milhões de pessoas estão acima do peso, de acordo com a pesquisa Vigitel Brazil 2019 do Ministério da Saúde. No mundo, a população com excesso de peso já ultrapassa a marca de 1,9 bilhão, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas o que também tem preocupado pais e mães é a quantidade de crianças e adolescentes com obesidade, na faixa etária entre 0 e 19 anos. Desde 1989, a obesidade entre crianças de 5 a 9 anos cresceu mais de quatro vezes no Brasil, de acordo com o estudo “A Obesidade Infantil No Brasil: Comparativo Entre A Pnsn/1989 E A Pof/2008-09 Entre Crianças De 5 A 9 Anos De Idade”. Já no mundo, a proporção de crianças com obesidade dobrou desde o ano 2000, segundo dados da UNICEF de 2019. Os números são alarmantes, portanto, fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento o mais precocemente possível é fundamental para tentarmos controlar essa pandemia. Abaixo iremos discutir mais sobre esse assunto.
 
Como identificar se meu filho tem sobrepeso ou obesidade?
 
Antes de mais nada, é preciso entender a diferença entre excesso de peso e obesidade. Para adultos, o mais usado é o cálculo do IMC (Índice de Massa Corpórea), onde o IMC acima de 25, é considerado sobrepeso acima de 30, obesidade Para menores de 18 anos, após o cálculo do IMC, os valores devem ser inseridos em um gráfico e distribuídos assim como são chamados pelos médicos, em percentis e/ou escores Z, segundo a idade e sexo, onde para crianças acima de 5 anos, percentis entre 85 e 97 é considerado sobrepeso e acima de 97 obesidade. Por isso, somente um médico é capaz de determinar se uma criança ou adolescente está com sobrepeso ou obesidade, pois é necessário avaliar os desvios padrões do IMC de acordo com o sexo e a idade do paciente.
 
O que causa a obesidade infantil?
 
Ao ter o diagnóstico confirmado, muitos pais se questionam sobre as causas da doença e se poderiam ter feito algo para que ela fosse evitada. A verdade é que não existe uma, mas sim várias causas que podem levar à obesidade infantil. São elas:
 
• Genética: Apesar de ser uma das causas, a obesidade de causa exclusivamente genética é rara. A maioria tem causa multifatorial - resultado de complexas interações entre fatores genéticos e ambientais - e filhos de pais com obesidade aumentam a chance de apresentar a doença.
 
• Alimentação: Ingestão de bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados e industrializados, que normalmente têm mais calorias e gorduras em sua composição, podem contribuir para o ganho de peso.
 
• Estilo de vida: Crianças e adolescentes costumam dedicar menos tempo para os exercícios físicos e mais tempo aos eletrônicos, o que pode levar ao sedentarismo.
 
• Medicamentos: Algumas medicações, como remédios usados no tratamento de depressão, diabetes e corticoides (recomendados contra alergias e inflamações) podem favorecer o ganho de peso.
 
• Hormônios: Crianças e adolescentes podem ter alterações hormonais que colaboram para o ganho de peso.
 
• Fatores psicológicos: O aumento de peso pode estar ligado a questões emocionais, como baixa autoestima,
depressão, ansiedade e a piora da qualidade de vida.
 
As consequências da obesidade infantil
 
Apesar de a obesidade por si só não ser uma doença mortal, ela nunca está sozinha, já que aumenta o risco e piora o quadro de diversas doenças. São mais de 195 complicações associadas a ela: diabetes tipo 2, hipertensão, apneia obstrutiva do sono, problemas cardiovasculares, doença de vesícula biliar, dislipidemia (níveis elevados de lipídios, ou seja, gorduras no sangue), osteoartrite (artrose), câncer e outros. Além disso, crianças e adolescentes com obesidade têm maiores chances de apresentar a doença quando se tornarem adultos.
 
A obesidade também ocasiona alguns problemas psicológicos. Em crianças e adolescentes, aumenta inclusive o risco de bullying entre amigos e até familiares e, por conta disso, é muito importante o envolvimento e apoio da família durante o tratamento. De acordo com a Dra Monica Palmanhani, especialista em endocrinologia, os maiores riscos psicológicos são depressão, isolamento social, baixa autoestima e até suicídio, pois, além de não se sentirem bem com o próprio corpo, muitas vezes a criança ou o adolescente se culpam por não conseguirem perder peso.
 
Quais são os tratamentos para obesidade?
 
“O engajamento da família é fundamental e aumenta a chance de sucesso.”, afirma a Dra Monica Palmanhani, especialista em endocrinologia. Além disso, estimular hábitos saudáveis, prática de exercícios e oferecer uma dieta equilibrada também são fatores essenciais para o sucesso do tratamento. É importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado para cada caso, por isso, é necessário associar uma nova rotina da família, ter acompanhamento médico - e psicológico em alguns casos -, incluir o tratamento medicamentoso, se necessário, e os casos que não tiverem resposta a nenhum tratamento, pode ser indicado cirurgia.
 
Outro ponto de atenção aos familiares é apoiar a criança ou o adolescente nas mudanças comportamentais. Toda a família deve servir de exemplo, acompanhando o filho em sua nova rotina. Além dos novos hábitos, é importante ter compreensão ao tratar do assunto e, de forma alguma, julgar ou culpar a criança ou adolescente pelo excesso de peso.
 
(Fonte: G1)