A obesidade infantil é um dos mais sérios desafios da saúde pública do século XXI. O problema é global e está afetando muitos países de baixa e média renda, particularmente em ambientes urbanos. As taxas de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes em todo o mundo, aumentaram de menos de 1% (equivalente a cinco milhões de meninas e seis milhões de meninos) em 1975 para quase 6% em meninas (50 milhões) e quase 8% em meninos (74 milhões) em 2016. A quantidade de obesos cresceu mais de dez vezes, de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016.
Brasil a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes foi de 14,1%, já em menores de 2 anos a prevalência foi de 6,5%.
O crescente número de obesidade infantil está associado ao surgimento de comorbidades, anteriormente consideradas doenças “adultas”. Estas condições incluem, apneia do sono, diabetes mellitus tipo 2, asma, esteatose hepática (doença hepática gordurosa), doença cardiovascular, colesterol alto, colelitíase (cálculos biliares), intolerância à glicose, resistência à insulina, problemas de pele, anormalidades menstruais, equilíbrio prejudicado e problemas ortopédicos.
Embora a maioria das condições físicas de saúde associadas à obesidade infantil sejam evitáveis e possam desaparecer quando uma criança ou adolescente alcança um peso saudável, algumas continuam tendo consequências negativas ao longo da vida adulta.
É importante saber que a obesidade infantil pode afetar profundamente a saúde física, o bem-estar social, emocional e a autoestima das crianças.
Estudos mostram que crianças com sobrepeso ou obesas, tem quatro vezes mais probabilidade de ter problemas de aprendizado em relação a seus pares com peso normal. Elas também são mais propensas a faltar na escola, especialmente aqueles com condições crônicas de saúde, como diabetes e asma.
A obesidade tem sido descrita como sendo uma das condições mais estigmatizante e menos socialmente aceita da infância. Estas crianças são frequentemente provocadas, intimidadas, estereotipadas, marginalizadas e discriminadas por seu estado. Discriminações foram relatadas em crianças a partir dos 2 anos de idade.
Crianças obesas são excluídas de atividades competitivas na escola. Muitas vezes é difícil para elas participarem de atividades físicas, pois tendem a ser mais lentas que as de seus pares, além disso enfrentam falta de ar.
Estas consequências sociais negativas contribuem para dificuldades permanentes no controle do peso, baixa autoestima, baixa autoconfiança e imagem corporal negativa de muitas crianças.
As crianças e adolescentes tendem a se proteger dos comentários e atitudes negativas, retirando-se para lugares seguros, como suas casas, onde podem buscar comida como um conforto.
Além disso elas também têm menos amigos, o que resulta em menos interação social e brincadeiras ativas, gastando mais tempo em atividades sedentárias.
Prevenção
A prevenção é a chave do sucesso no controle da obesidade, pois muitas crianças obesas acabarão se tornando adultos obesos. Confira abaixo as dicas para a prevenção da obesidade infantil da gestação até a adolescência:
Obesidade infantil da gestação aos 2 anos
- Perinatal: inclui nutrição pré-natal adequada com ótimo ganho de peso materno, bom controle de açúcar no sangue, perda de peso pós-parto com exercícios e aconselhamento nutricional;
- Amamentar bebês: desde o nascimento até os 6 meses de idade, exclusivamente com leite materno, ou seja, não lhes dê mais comida ou bebida, e os alimente “sob livre demanda,” ou seja, quantas vezes quiserem, dia e noite. Por quê? Por si só, o leite materno fornece todos os nutrientes e líquidos que os bebês precisam para seus primeiros 6 meses de crescimento e desenvolvimento saudáveis. Os bebês amamentados exclusivamente têm melhor resistência contra doenças comuns da infância, como diarreia, infecções respiratórias e infecções do ouvido. Mais tarde, no decorrer da vida, aqueles que foram amamentados quando criança são menos propensos a ficar acima do peso ou obesos, ou a sofrer de doenças não transmissíveis, como diabetes, doenças cardíacas e derrames;
- Aos 6 meses de idade: introduza uma variedade de alimentos seguros e nutritivos para complementar a amamentação e continue a amamentar até que os bebês tenham 2 anos de idade ou mais. Não adicione sal ou açúcar aos alimentos para bebês e crianças até 2 anos;
- Ofereça alimentos variados: ingerir diferentes nutrientes, incluindo cereais, trigo, cevada, centeio, milho, arroz, batata, inhame, mandioca, lentilhas, feijões, verduras, legumes, frutas, frango, peixe e ovos entre outros. Por quê? Comer alimentos variados e frescos todos os dias ajudam as crianças a obter a quantidade adequada de vitaminas e minerais necessários para o crescimento e desenvolvimento. Também evita o excesso de açúcares, gorduras e sal, que pode levar a um ganho de peso. Nenhuma visualização de televisão ou mídia para crianças menores de 2 anos.
Obesidade dos 2 anos à adolescência
- Seguir fornecendo uma dieta balanceada;
- Forneça vegetais, legumes e frutas;
- Ofereça grãos como lentilhas e feijões regularmente;
- Incentive a beber água;
- Não ofereça bebidas açucaradas (sucos de frutas, refrigerantes e leites aromatizados);
- Use óleos vegetais insaturados (por exemplo: óleo de oliva, soja, girassol ou milho) em vez de gorduras animais ou óleos; e ricos em gorduras saturadas (por exemplo: manteiga, ghee, banha, coco e óleo de palma);
- Escolha carne branca como frango (sem pele) e peixe, que geralmente têm menos gordura, em vez da carne vermelha;
- Evite carnes processadas, pois são ricas em gordura e sal;
- Evite alimentos processados, assados e fritos que contenham gordura trans produzida industrialmente;
- Ao cozinhar, limite a quantidade de sal e condimentos com alto teor de sódio (por exemplo: molho de soja e molho de peixe); e use ervas frescas;
- Evite alimentos com alto teor de sal e açúcar;
- Escolha frutas frescas em vez de lanches doces, como biscoitos, bolos e chocolate. Por quê? Pessoas cujas dietas são ricas em sódio (incluindo sal) têm maior risco de pressão alta, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas e derrames. Da mesma forma, aqueles cujas dietas são ricas em açúcares têm maior risco de ficarem com sobrepeso ou obesos, e um risco maior de cáries. Pessoas que reduzem a quantidade de açúcar em sua dieta também podem reduzir o risco de doenças não transmissíveis como diabetes e hipertensão.
Criança
Fornecer aos pais e filhos educação nutricional, a fim de desenvolver práticas alimentares saudáveis, experiências alimentares com diferentes sabores, e acompanhamento de ganho de peso para evitar adiposidade precoce. Tempo máximo de visualização de televisão e mídias de 2 horas ou alguma estratégia que se aproxime desse limite ao dia.
Infância
Monitoramento do peso e da altura, prevenindo a adiposidade pré puberal excessiva, fornecendo aconselhamento nutricional estimulando atividade física diária.
Adolescência
Evitar o aumento de peso após o estirão de crescimento, mantendo um comportamento alimentar saudável e reforçando a necessidade de exercícios físicos diários.
Estratégias de tratamento comportamental
As famílias devem monitorar a quantidade de uso da mídia e depois estabelecer metas para reduzi-la. As recomendações a seguir são de acordo com a declaração de política da Academia Americana de Pediatria.
- Nenhum aparelho de televisão no quarto da criança;
- Sem televisão ou qualquer outra tela durante as refeições.
Lembre-se de que pequenas mudanças todos os dias podem levar a uma receita para o sucesso.
(Fonte: Sabor a vida)