Os benefícios da corrida para o coração e para o emagrecimento já foram inúmeras vezes comprovados em artigos científicos. A nova vertente agora é detalhar os efeitos sobre a saúde mental. Pesquisas recentes têm descoberto muitas conexões entre esse tipo de exercício físico e o cérebro.
O Instituto Karolinska, na Suécia, por exemplo, mostrou que a corrida tem impacto na superação do estresse e da depressão. Já um estudo da Universidade de West Michigan, nos Estados Unidos, indica que ela favorece a capacidade de processamento de informações.
Saúde mental e corrida
Quando o organismo está estressado, os processos metabólicos no fígado convertem triptofano – aminoácido que ajuda a sintetizar serotonina (hormônio do prazer) – em quinurenina – enzima conhecida por causar os ‘tiques nervosos’. Algumas destas enzimas podem se acumular no cérebro e vêm sendo associadas à depressão, transtornos de ansiedade e esquizofrenia.
Durante a prática de exercícios, a quinurenina se acumula nos músculos, sendo quebrada em moléculas que não podem entrar no cérebro. Portanto, exercitar os músculos “limpa a corrente sanguínea” dessa substância danosa que pode causar problemas à saúde mental.
Aliviando o estresse
Correr também pode aumentar os níveis de endorfina, hormônio que regula o humor, trazendo sensações de êxtase e invencibilidade. A beta-endorfina, por exemplo, ataca os mesmos receptores que os opiáceos – classe de medicamentos que controlam a dor – e tem alguns efeitos biológicos semelhantes.
Em 2008, neurocientistas alemães usaram imagens cerebrais para mostrar que, em corredores profissionais, os níveis de beta-endorfina realmente aumentam no cérebro depois de duas horas de corrida. Níveis aumentados de atividade de endorfina no cérebro também estão relacionadas com sentimentos de euforia.
Outra substância produzida pelo corpo que atua no humor são os endocanabinoides – que ganharam este nome depois de terem sido descobertos durante investigação dos efeitos da cannabis no cérebro. Segundo pesquisadores, depois de 30 minutos de corrida em esteira (moderada ou intensa), os níveis desse químico aumentam.
Melhora cognitiva
Este ano, a Universidade de West Michigan, nos Estados Unidos, realizou um experimento que demonstrou como correr rápido durante meia hora pode ajudar o limiar de “frequência de cintilação cortical”, função associada à uma melhora na capacidade de processamento de informações.
A Universidade de Esportes da Lituânia e a Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra, realizaram estudos que indicaram que fazer intervalos durante a corrida melhora a “função executiva”, que inclui atividades como capacidade desligar distrações, alternar tarefas (multitarefa) e resolver problemas. Entre os jovens estudados, os ganhos foram percebidos após 10 minutos de corridas de velocidade com intervalos.
Um estudo de imagens cerebrais pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, indica também que a meditação e a corrida podem ter efeito semelhante no cérebro, envolvendo simultaneamente funções executivas e diminuindo o “barulho” da rede de modo padrão, que é uma série de regiões cerebrais ligadas que entram em ação sempre que estamos ociosos ou distraídos. No entanto, esse benefício só foi visto em corredores regulares.
(Fonte: Veja/ Adaptada)