Consumir pouca proteína pode levar a obesidade

 

Na década de 1970, os Estados Unidos começou a passar por um fenômeno interessante. Ao mesmo tempo que a alimentação de sua população mudava, com o consumo de pouca proteína e o aumento da quantidade de carboidratos e gordura na dieta, observava-se um crescimento do número de pessoas obesas e com sobrepeso no país. Aumento que se tornou progressivo, espalhando-se para outros países, até mesmo o Brasil. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, cerca de 20% da população brasileira está obesa, e um pouco mais de 55 % apresenta sobrepeso.

Nesse sentido, é possível estabelecer uma relação entre ganho de peso (gordura) e a escassez de proteína em uma dieta alimentar. De acordo com o médico endocrinologista e diretor científico de Medicina da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), Rodrigo Bomeny, isso pode ser explicado pelo fato de que todo o animal busca para uma vida saudável alcançar uma meta nutricional, que é resultado da relação entre proteína e energia consumidas. Em outras palavras, o ser humano procura em seu cotidiano alimentos que lhe forneçam uma quantidade adequada de proteínas, micronutrientes e calorias para nutrir-se devidamente.

O médico endocrinologista destaca que são três os componentes de alimentação fundamentais – chamados macronutrientes – visando ao bom funcionamento do organismo humano. São eles: proteína, carboidrato e gordura. “A principal função da proteína é estrutural, sendo a responsável pela formação de músculos, órgãos, pele, e membranas celulares. Já a atribuição preponderante da gordura e do carboidrato é a produção de energia”, explica.

Uma pequena diminuição na concentração de proteína na alimentação tem o potencial de resultar em aumentos na ingestão de energia e, consequentemente, a quantidade de gordura armazenada no corpo. Conforme Bomeny, estudos científicos chegaram à conclusão de que se a pessoa ingerir 1,5% menos de proteína do que o habitual, ela automaticamente comerá 14% mais de carboidratos e gorduras para atingir sua meta nutricional. Pelo contrário, se ingerir 1,5% a mais de proteína, o seu consumo de carboidratos e gorduras apresentará um decréscimo de 11%. “Mudanças mínimas na porcentagem de proteína levam a variações enormes na ingestão de carboidratos e gorduras”, enfatiza.

 

Buscando o emagrecimento, muitos restringem o número de calorias forçadamente. Como visto, é muito difícil que essa dieta seja bem-sucedida, já que o organismo quer atingir sua meta nutricional e na iminência de não fazê-lo consome mais alimentos. De acordo com o diretor-científico de Medicina da ABLC, já foi demostrado em vários estudos que ao emagrecer por meio de restrição calórica, o corpo tende a se defender. “Ele aumenta a fome e diminui o metabolismo além do esperado, tornando mais provável o reganho de peso”, diz.

 

O mesmo não ocorre na vigência de uma dieta com maior quantidade de proteínas por calorias. Conforme Bomeny, o elo entre aumentar a ingestão proteica e diminuir o consumo de carboidrato é muito interessante no sentido de prevenir a fome que geralmente aumenta durante a perda de peso, minimizando as chances de engordar novamente. “Não basta emagrecer, é preciso fazê-lo corretamente. Restringindo somente calorias, sem levar em consideração a qualidade da alimentação, existirá uma probabilidade maior de reganho de peso, porque seu corpo vai enxergar isso como algo não natural”, explica.

Uma pirâmide alimentar cujo objetivo é fornecer uma dieta que não favoreça o ganho de peso, ou seja, com alto teor proteico, tem em sua base, segundo o diretor científico de Medicina da ABLC, alimentos com alta relação entre proteína e energia, tais como carnes, ovos e vegetais de baixo amido (folhas e alguns legumes). Estes últimos não contêm muita proteína, mas também apresentam baixíssima porcentagem de calorias e alta quantidade de fibras e nutrientes, sendo favoráveis para a saúde e emagrecimento.

Bomeny explica que alimentos com alto teor de gordura, tais como oleaginosas, queijos, manteiga e azeite, embora contenham pouco ou nenhum carboidrato, muito provavelmente precisem ser controlados em quantidade em uma prática alimentar que almeje o emagrecimento. Isto porque apresentam uma quantidade baixa de proteína, influindo na relação entre consumo de alimentos nutritivos e calóricos com o intuito de alcançar a meta nutricional.

Ao reduzir a quantidade de carboidratos e aumentar a quantidade de proteínas, o corpo, bem nutrido e saciado, está apto do ponto de vista hormonal a usar a gordura como fonte energética, pouco importando se ela vem dos alimentos ou se do próprio corpo. Para quem tem excesso de peso e padece de obesidade, no entanto, o ideal é que a gordura utilizada seja a corporal, por isso a recomendação de que se evite comer gordura em excesso.

(Fonte: We Brun)