JAMA: associação do ganho de peso gestacional com desfechos maternos e infantis adversos

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Tanto o baixo quanto o alto ganho de peso gestacional têm sido associados a resultados adversos maternos e infantis, mas o ganho de peso gestacional ideal permanece incerto e não está bem definido para todas as faixas de peso pré-gestacional.

Esta meta-análise individual em nível de participante, publicada pelo periódico JAMA, buscou examinar a associação entre as faixas de ganho de peso gestacional com o risco de resultados adversos maternos e infantis e estimar as faixas ótimas de ganho de peso gestacional nas categorias de índice de massa corporal pré-gestacional.

Foram usados os dados de 196.670 participantes em 25 estudos de coorte da Europa e América do Norte (amostra principal do estudo). Os intervalos ideais de ganho de peso gestacional foram estimados para cada categoria de índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional, selecionando a faixa de ganho de peso gestacional que estava associada com menor risco para qualquer resultado adverso.

Os dados individuais em nível de participante de 3.505 participantes de quatro coortes diferentes baseadas em hospitais foram usados ​​como uma amostra de validação. Os dados foram coletados entre 1989 e 2015. A data final do acompanhamento foi dezembro de 2015.

O principal desfecho, denominado como qualquer resultado adverso, foi definido como a presença de 1 ou mais dos seguintes resultados: pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional, diabetes gestacional, parto cesáreo, parto prematuro e tamanho pequeno ou grande para a idade gestacional ao nascimento.

Das 196.670 mulheres (idade mediana, 30,0 anos [quartil 1 e 3, 27,0 e 33,0 anos] e 40.937 sendo brancas) incluídas na amostra principal, 7.809 (4,0%) foram categorizadas no início como abaixo do peso (IMC <18,5) ; 133.788 (68,0%), peso normal (IMC, 18,5-24,9); 38.828 (19,7%), excesso de peso (IMC, 25,0-29,9); 11.992 (6,1%), obesidade grau 1 (IMC, 30,0-34,9); 3.284 (1,7%), obesidade grau 2 (IMC, 35,0-39,9); e 969 (0,5%), obesidade grau 3 (IMC, ≥ 40,0).

No geral, qualquer resultado adverso ocorreu em 37,2% (n = 73.161) das mulheres, variando de 34,7% (2.706 de 7.809) entre as mulheres classificadas como abaixo do peso até 61,1% (592 de 969) entre as mulheres classificadas como obesidade grau 3.

Os intervalos ideais de ganho de peso gestacional foram de 14,0 kg até menos de 16,0 kg para mulheres categorizadas como abaixo do peso; 10,0 kg até menos de 18,0 kg para peso normal; 2,0 kg até menos de 16,0 kg para excesso de peso; 2,0 kg até menos de 6,0 kg para obesidade grau 1; perda de peso ou ganho de 0 kg até menos de 4,0 kg para obesidade grau 2; e ganho de peso de 0 kg até menos de 6,0 kg para obesidade grau 3.

Esses ganhos de peso foram associados a discriminações baixas a moderadas entre aquelas com e sem desfechos adversos (faixa de área sob a curva de características operacionais do receptor [ROC], 0,55-0,76). Os resultados para o desempenho discriminativo na amostra de validação foram semelhantes aos resultados correspondentes na amostra principal do estudo (intervalo para a área sob a curva ROC, 0,51-0,79).

Concluiu-se nesta meta-análise de dados individuais das participantes agrupadas de 25 estudos de coorte que o risco de resultados adversos maternos e infantis variou de acordo com o ganho de peso gestacional e em toda a faixa de pesos pré-gestacionais, sendo estes associados com risco de qualquer resultado adverso.

As estimativas de ganho de peso gestacional ótimo podem informar o aconselhamento pré-natal; porém, os intervalos ótimos de ganho de peso gestacional tinham valor preditivo limitado para os desfechos avaliados.

(Fonte: News Med)