Leite integral: não precisa fugir dele e nem de seus derivados

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O leite que sai direto da vaca, e que dá origem a tantos outros produtos, é considerado um alimento de alto valor nutricional. Só que um dos compostos desse mix, a gordura saturada, passou por maus bocados nas últimas décadas — pairou sobre ela a acusação de ser a grande responsável por ganho de peso e doenças cardíacas. Para desvincular o leite desses infortúnios, versões magrinhas da bebida e de seus derivados chegaram e dominaram as prateleiras.

Mas parece que o jogo virou. Estudos recentes têm dado força à causa dos laticínios integrais, indicando que a presença dessa gordura não os torna piores para a saúde. Uma dessas pesquisas foi conduzida na Escola de Saúde Pública da UTHealth, em Houston, nos Estados Unidos, e contou com a participação de quase 3 mil adultos de 65 anos ou mais. Depois de acompanhá-los por 22 anos, os cientistas concluíram que tirar proveito de leite, queijo e iogurte integrais não aumentou nem um tiquinho o índice de mortalidade desse pessoal.

O diferencial é que, além de considerar os relatos dos voluntários sobre a dieta, os estudiosos dosaram neles três tipos de biomarcadores — uma espécie de vestígio no sangue — relacionados ao consumo de gorduras dos laticínios. Em resumo, a investigação não se baseou somente na memória das pessoas, o que poderia levar a distorções da realidade.

Além de não abalar a saúde em geral, uma das gorduras avaliadas de perto inclusive protegeu contra problemas cardiovasculares, mais especificamente em relação ao AVC — a possibilidade de morrer em decorrência desse evento caiu 42%.

O verdadeiro problema é o excesso
Um levantamento com cerca de 18 mil mulheres assinado pela reputada Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, demonstrou que, no decorrer de 11 anos, aquelas que consumiam mais laticínios integrais eram 8% menos propensas a se tornarem obesas comparadas às que maneiravam nesse tipo.

Perceba: embora os laticínios aparentemente carreguem uma gordura de perfil menos nocivo, a recomendação é que seu consumo não ultrapasse 10% das calorias ingeridas em um dia. Cabe também mencionar que, no início desse estudo de Harvard, todas as participantes tinham um peso considerado adequado.

Mas e a tal da lactose?
Não foi só a gordura que abalou a reputação de leite e derivados. Seu açúcar, a lactose, divide essa responsabilidade. Ora, tem gente que produz menos lactase, a enzima que quebra a lactose, e isso ocasiona desconfortos gastrointestinais.

Contudo, os especialistas são categóricos: só faz sentido restringir esses alimentos em casos de intolerância real ao açúcar ou de alergia às proteínas do leite. No mais, sem pânico.Essa onda fez as pessoas demonizarem os lácteos, esquecendo seu lado positivo.

Iogurte
Assim como o leite, é excelente fonte de cálcio, mineral que ajuda a manter os ossos fortes. Algumas pesquisas indicam que a relação entre lácteos e controle do peso tem influência decisiva desse nutriente.

Você pode até deparar com potinhos alegando adição de ingredientes benéficos, como fibras.

O queijo
Ele é bem-vindo para atingir as três porções de lácteos que deveríamos consumir por dia. Inclusive, em uma revisão chinesa de 15 estudos, o consumo diário de 40 gramas do alimento (o correspondente a uma porção, ou cerca de três fatias de mussarela) foi ligado a menor risco de doenças cardiovasculares.

E, no caso desse tipo de lácteo, tem outro aspecto que merece atenção total: o teor de sódio. Isso porque o excesso desse mineral está intimamente relacionado à subida da pressão arterial, situação que manda o coração para a corda bamba.

No fim das contas, variedades como ricota, minas frescal, cottage e mussarela ganham a preferência no quesito “dia a dia”. Já os mais gordurosos e salgados podem ficar para ocasiões especiais.

Leite
Em experiência recente, pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, recrutaram 18 adultos e todos tomaram, em momentos diferentes, o leite integral e o desnatado. Após seis semanas, os resultados indicaram elevação de colesterol bom (HDL) durante a intervenção com leite integral. Já fatores como glicemia, insulina e colesterol total e LDL (o ruim) permaneceram inalterados.

Sua cisma com o leite tem a ver com resquícios de antibióticos, hormônios e por aí vai? “Como qualquer outro alimento, existe o risco de termos resíduos de contaminantes, mas há um trabalho forte de prevenção e fiscalização para garantir que estejam abaixo dos limites estabelecidos”, garante Marcelo Bonnet, engenheiro de alimentos da Embrapa Clima Temperado. Segundo ele, leite contaminado de verdade não pode chegar ao mercado.

(Fonte: Saúde/Adaptada)